sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Violência em destaque


Este é o terceiro dia seguido em que o Bom Jardim é noticiado na primeira capa do Jornal O Povo. É verdade que não se trata da cobertura de uma realidade não existente, não poderia deixar de dizer que essa supercobertura reforça velhas imagens construídas sobre o população e a realidade desta comunidade de Fortaleza. Em uma das abordagens o jornal atenua o clima aterrorizante de violência expondo experiências cidadãs que são movimentadas no bairro, aliás é de cidadania que este bairro é tocado. Aqui reside um imensa massa de trabalahdores/as, de jovens, estudantes e fora da escola, empregados e desempregados que constroem essa cidade e amarguram suas contradições.

A onda agora é a ação de milícias que articulam o comércio de segurança privada cladestina. Nos seus postos a juventude é presente, basta ver quem morreu nas estatísticas lançadas.
Os grupos milicianos organizam execuções e efetivam penas dentro de normas arbritarias criadas em nome de um ideal de "segurança para a comunidade". Matam os supostos agressores da ordem e da segurança e agora matam os rivais de grupo de segurança concorrentes e forjam arrombamentos e assaltos para instaurar o medo e garantir adesão aos seus serviços.

É verdade que as motos apitando pela madrugada de algumas áreas do GBJ é rotina, de minha casa elas são perceptiveis. É verdade que estes grupos se matam entre si pelo controle de áreas para a expansão de seus négocios, bem como matam e fazem ações crimonosas para legitimar sua existência e garantir apoio dos que contratam seus serviços. É verdade que eles atuam onde Estado mais um vez se nega a atuar, garantido um preceito constitucional. Muito embora, não é verdade que a imagem gerada na cidade sobre o Grande Bom Jardim prevaleça.

Aqui em cada esquina não se tem um indivíduo apontando uma arma para você, como também não é verdade que não podemos mais sair de nossas casas para andar pelas ruas ou fazer nossos afarezeres, como alguns conhecidos chegam a imaginar quando falo que moro GBJ. Aqui, no GBJ, vivemos as mesmas contradições que grande parte de Fortaleza vivencia, nos seus vários aspectos que vão das questões sócio-econômicas aos conflitos de sociabilidade, comuns aos agrupamentos humanos com a realidade que temos, tão quero normalizar esta situação, não aqui não existe um cenário ativo de guerra, embora precisamos dizer que a violência urbana nos cerca, fazendo de suas vitímas e agressores nós, os jovens, aqueles com que estudei, por exemplo.

Não quero negar uma realidade que nos cerca, a violência, mas não posso deixar, como morador, os personagens de um circo que corre nos meios de comunicação caracterizar mais de 200 mil pessoal, que como eu, fazem deste lugar um espaço de vida.

É oportuno no seio desta discusão ampliarmos o debate e pelejar pela comunidade que temos direito, com um lugar de bom viver, da mesma forma de começarmos a pensar qual modelo de segurança queremos para nós.

Saiu na imprensa:









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